Durante
muitos anos, o trabalho do professor de língua portuguesa baseava-se no ensino
por meio de palavras ou frases isoladas. Com o advento da Linguística Textual,
o objeto de análise tornou-se o texto. Alguns cogitaram não mais ensinar
gramática. Para esses, a leitura e análise de textos – sem nenhuma sistematização
quanto à gramática – seriam suficientes para que ela fosse aprendida. A
justificativa era de que bastava um conhecimento mínimo de gramática para haver
comunicação. Entretanto, sabemos que só comunicar-se, em certas ocasiões, não
basta: é preciso fazê-lo de acordo com certas convenções e obedecendo a certas
normas que são consideradas “padrão”.
Esse
ensino de gramática, contudo, não deve tomar como base a regra pela regra,
explicada e exercitada, usando como exemplos frases soltas e descontextualizadas.
Não adianta, também, usar o texto como pretexto e continuar com o ensino
normativo e classificatório.
O texto deve ser o ponto de partida e de chegada das
aulas de língua portuguesa, já que é no texto e por meio dele que a linguagem
se constrói e muitos dos fenômenos linguísticos só podem ser estudados a partir
da exposição de diversos tipos de textos,
para que o aluno seja capaz de adequar sua linguagem às diferentes situações
comunicativas. É necessário, portanto, atentar para que o ensino de gramática
seja empregado em uso e para uso,
procurando inseri-lo em situações que se aproximem da realidade.
Diante
dessas informações, muitas dúvidas afloram e para algumas delas as respostas,
infelizmente, não são satisfatórias. Será que podemos afirmar que, atualmente,
os professores e suas práticas de ensino estão inseridos na perspectiva
textual? Ou, apenas, vestiram a pele do cordeirinho, mas continuam sendo os
mesmos lobos que, amarrados à gramática normativa, usam o texto como álibi?
Com
a perspectiva textual o ensino de gramática passa a ser utilizado na construção
e uso dos textos, porque, dessa forma, refletimos sobre o uso linguístico, E é
refletindo sobre a língua que se pode chegar ao sistema que a regula.
A
função da gramática é de ampliar a capacidade do aluno em usar a língua,
desenvolvendo competência linguística, por meio de atividades com textos. No
momento em que os alunos entendem que as regras são variáveis de acordo com o
emprego, seu rendimento escolar torna-se mais eficiente. A escola, portanto,
deve trabalhar para que os alunos sejam capazes de reconhecer e utilizar a
língua de forma adequada aos diferentes contextos que surgirão ao longo de suas
vidas.